A propósito do referendo de dia 11, há uma coisa que me irrita profundamente. Independentemente da minha posição, claríssima, assumidíssima, sem margem para qualquer dúvida, respeito os argumentos invocados por quem pensa de forma diferente, até porque sou acima de tudo uma democrata, nascida em democracia e educada sob a máxima "a nossa liberdade termina exactamente onde começa a liberdade dos outros".
O que me faz impressão é que determinados defensores do "não" se arroguem de todo o moralismo, como se fossem, ele(a)s própri(o)as a própria personificação da moral, chegando mesmo a colar os defendores do "sim" a uma certa imagem de libertinagem, de inconsciência, de promiscuidade.
Este é um ponto de vista que tenho defendido, em casa e entre amigos, e eis senão quando, ao ler a crónica assinada pelo Ricardo Araújo Pereira na "Visão" de hoje (excelente!), constato que ele, certamente melhor que eu, dá voz à minha (e pelos vistos também dele) irritação, da seguinte forma:
«...eu estava convencido de que o debate sobre o aborto opunha dois grupos moralmente iguais. Porém, descubro agora que há um que beneficia de uma superioridade moral em relação ao outro. Ao que parece, a discussão em torno do referendo joga-se entre as pessoas que são a favor do homicídio e as que são contra. Digamos que é um modo extremamente sofisticado de ver o mundo. Afinal, é tudo tão fácil: assassinos para um lado, pessoas decentes para o outro. E eu, desgraçadamente, encontro-me do lado dos assassinos.».
Deixe estar, eu também...
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
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