domingo, 14 de dezembro de 2008

Fazer planos

Fazer planos.
Ninguém escapa, todos fazem, fizeram ou vão fazer planos.
Metódica e organizada por natureza, sou a maior fazedora de planos do planeta.
Os planos corriam-me bem. Até determinado momento, os planos corriam-me mesmo muito bem.
O plano de ser jornalista. É o meu plano mais antigo. Devia ter oito, nove anos, a primeira vez que disse que queria ser jornalista. Muito rapidamente deixou de ter a forma de um sonho para se tornar no objectivo da minha vida. O maior.
Para alcançá-lo, o plano era estudar. Ser a melhor em tudo, porque o plano era entrar para a universidade que, diziam, era a melhor que um aspirante a jornalista podia frequentar.
Cumprido o plano, o plano seguinte seria trabalhar num jornal. O plano era que fosse um jornal grande, onde pudesse, quem sabe, vir a ser grande repórter. Este plano não se cumpriu mas cumpriu-se, ainda assim, o de trabalhar num jornal.
Escrever era mesmo o que eu queria e isso estava a acontecer.
Não estava nos planos, isso não, ganhar um prémio logo no primeiro ano de trabalho. Aconteceu e foi esse prémio que acabou por levar-me ao sítio onde estou hoje. O plano cumpre-se porque é um trabalho que me dá imensa satisfação, onde me permitem fazer o que mais queria: escrever e ser criativa.
Casar não era propriamente um plano. O plano era comprar casa, viver sozinha, auto-proclamar-me independente e auto-suficiente.
Mas os planos, já se sabe...
Casada, não deixei de fazer planos. Nem por sombras. Tirem-me os planos, tiram-me tudo. Não se cumpriram grande parte dos planos, nem os meus, nem os dos outros. O plano de ter filhos, ao segundo ano de casamento, foi um plano fracassado. O plano de fazer uma viagem inesquecível por ano deixou de ser um plano e passou a ser uma fantasia difícil de realizar.
E aqui já eu me questionava sobre esta minha mania de fazer planos.
A verdade é que, ao longo dos últimos dois, três anos, a vida tem-se encarregue de dar a volta aos meus planos como se quisesse brincar comigo. Um jogo onde eu pareço ter muito pouco controlo sobre o que acontece e onde, volta na volta, a vida me deita a língua de fora e diz: «faz lá os teus planinhos agora».
Provavelmente, o que a vida tem de mais maravilhoso é supreender-nos, arrasando com os nossos planos. A mim, eu que gosto tanto de fazer um planinho, isto dá-me cabo da cabeça (e do coração, by the way). Mas enfim, deixar-me-ei surpreender pela vida e pelos planos que, ela sim, parece ter feito para mim.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já se tornou um cliché, esta frase..."Life is what happens to you when you're busy making other plans", dizia o Lennon, que apesar de ser um drógado, até sabia das coisas. beijinhos, APNeves

nica disse...

Por serem raros, os teus comentários aqui tornam-se ainda mais preciosos. E eu não conhecia a frase, mas documenta na perfeição aquilo que eu quis dizer. Beijinhos, amigo, és grande!

Anónimo disse...

Minha querida,

A vida é uma constante mutação. Desde que acordamos (nascemos) até que nos deitamos (morremos, fisicamente).

Todavia acordar (nascer) não significa DESPERTAR (outro renascimento).

Espero pois que despertes e conta comigo para o que entenderes.

Não tenhas medo. DEIXA ENTRAR A MAGIA DENTRO DE TI E SAIR CÁ PARA FORA A QUE JÁ TRAZES CONTIGO.

Aí sim: cumpres a tua missão.

nica disse...

E assim se confirma que eu tenho os melhores amigos do Planeta. E arredores. Já sabia. Mas é sempre bom confirmar.

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