Não é fácil, claro, mas superar a saudade dos que partem custa menos se nos esforçarmos por recordá-los sempre no seu melhor. Ou por aquilo que tinham de melhor.
Falávamos sobre isto no dia em que nos despedimos do amigo que nos deixou. Falávamos, eu, a a. e a r., sobre a necessidade de limpar as lágrimas e começar, definitivamente, a encarar a vida de forma mais positiva.
De vez em quando temos de parar um bocadinho e tomar uma resolução séria.
A minha resolução de fim-de-semana foi esta: pôr em prática, no dia-a-dia, todos os dias, um pouco, pelo menos um pouco, daquilo que víamos o Carlos fazer.
Sorrir, por exemplo. Mais, bolas, mais, por todos os motivos e mais algum. Porque vivemos, acima de tudo. Porque amamos. Porque somos amados. Porque não custa. Porque é a melhor forma de chegar ao coração de alguém.
Fazer saber àqueles de quem gostamos o que sentimos. Foi a r. que lembrou este pormenor. Que o Carlos lhe telefonava, muitas vezes, só para lhe dizer "gosto de ti". Porra, isto é lindo. E é fácil. Dizer. "Gosto de ti".
Abraçar. Outra coisa que o Carlos fazia. Abraçava-se a toda a gente. Abraçava as pessoas de quem gostava. Temos, e contra mim falo, este problema com o contacto físico. Eu estou a tentar emendar-me. Não estou, naturalmente, a falar de abraçar o meu marido. A ele abraço, claro. Estou a falar de abraçar os amigos, só porque sim. E aos namorados, maridos, amantes ou o que for, mais ainda. Com força.
Contar anedotas e rir. O Carlos era um exímio contador e nem todos temos esse talento. Deus sabe que eu não tenho. Foi o próprio Carlos quem mo disse, aliás, ainda outro dia, quando tentei fazê-lo rir com uma anedota. Frustrada a tentativa, perguntei-lhe "não tenho muito jeito, pois não?", ao que ele respondeu, com a voz rouca que tão bem o caracterizava, "não, querida", soltando de seguida a sonora gargalhada que lhe conhecíamos. Mesmo assim, tentemos. Contar. Ou então vamos pedir que nos contem. Para nos rirmos. Todos os dias.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário