“Hoje não me apetecia nada…”. Deve ter sido a frase que mais vezes ouvi hoje. Aqui no estamine tivemos direito a quatro dias de fim-de-semana. De maneiras que hoje anda tudo com muito pouca vontade.
Quinta-feira foi dia de pão por Deus. Na quarta à noite comprei gomas e ‘smarties’ para dar aos miúdos, caso por lá aparecessem. O meu marido disse-me “só tu”, algo que eu interpretei como um elogio. Prometi-lhe que se não aparecessem crianças a pedir o pão por Deus lhe dava as guloseimas a ele.
Mas apareceram. Eram oito e meia da manhã. A sério. Recusei-me a levantar àquela hora. E eles voltaram, mais tarde. No caso, elas. Eram três meninas. Tocaram à campainha, fui à janela ver quem era e apareceu uma carinha laroca a dizer “podia dar-nos o pão por Deus, fáchavor?”.
Tinha separado as gomas e os ‘smarties’ em saquinhos. Dei-lhos e lá foram elas, felizes da vida. Eu também fiquei. Gosto destas tradições. E lembro-me tão bem de ir ao pão por Deus que acho graça ao facto de agora ser eu uma ‘senhora’ a quem os miúdos batem à porta.
Fónix, estou velha!
Sexta-feira rumámos à Beira Baixa. Levámos dois carros [contingências de uma família que vive do comércio de automóveis…], de modo que fiz a viagem sozinha no meu carrinho. Maravilha. Fiz a viagem com o rádio aos berros, a cantar e a dançar, a comer pastilhas e a fumar cigarros, sempre com os vidros abertos.
Cheguei ao Fundão com os ouvidos a zumbir e com os músculos das pernas a doer. Sobretudo os da perna esquerda, por força de ter feito a viagem toda a dar ao pezinho.
O meu marido, ‘tadinho, foi a conduzir uma carrinha que não tinha rádio e eu passei a viagem toda a meter-me com ele, a ultrapassá-lo e a buzinar.
Uma galhofa.
Passámos três dias na quinta, sendo que eu pouco mais fiz do que comer e beber. E que bem que se come e se bebe.
A casa que os meus sogros construíram está muito bonita. Já temos um refúgio no campo. Sabe bem, fugir para lá de vez em quando. As distracções são poucas, vive-se muito à base do convívio familiar, em redor da mesa sobretudo.
Saímos à noite, como fazemos sempre que lá estamos, e picámos o ponto no Alaúde, que é o bar onde toda a gente do Fundão, de todas as idades, vai beber um copo.
O tempo lá rende mais.
O Jorge Palma estava na Covilhã mas como fui a única a manifestar interesse em ir vê-lo, puseram-se com as desculpas de que ao fim-de-semana à noite não se pode sair do Fundão de carro porque a BT não perdoa, e acabámos por não ir. Snif.
Terminámos a noite no Alambique e foi quando saímos de lá que tomei consciência da razão pela qual teria muita dificuldade em adaptar-me à vida serrana: frio, muito frio, muito frio MESMO.
Só tive pena de não ir ao Lounge, na Moagem, que é agora o sítio da moda. A Moagem, a antiga moagem do Fundão, foi recuperada, o edifício está lindo e tem um bar no último piso todo modernaço, todo fashion.
Uma cidade muito catita, o Fundão. As pessoas são bonitas e simpáticas. Toda a gente se veste bem, homens e mulheres, são todos muito vaidosos, ninguém sai à rua vestido de qualquer maneira, os homens são assim todos cheios de estilo e as meninas parece que vão sempre para uma festa. Muito giro, o espírito. A vida social gira muito em torno de dois ou três bares, onde toda a gente se encontra, quer ao fim-de-semana, quer durante a semana, ao final da tarde.
Vive-se lá muito bem, gosto daquele espírito. Os dias parecem maiores. Claro que para mim são enormes, porque quando lá estou não faço outra coisa que não seja estar sentada à mesa…
Regressámos ontem à noite. Nós e mais metade da população de Portugal. Estivemos mais de uma hora parados na A1. Que alegria. Sobretudo quando se vem aflitinha para fazer xi-xi. Enfim.
Bom, muito bom o fim-de-semana.
E hoje não me apetecia nada…
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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