Se há coisas que é bom que aconteçam, uma delas é, de certeza, não nos arrependermos nem de um segundo do tempo que investimos numa relação. Particularmente se tiver sido uma relação longa.
Olhar para trás e pensar que tudo fez sentido, que foi exactamente como tinha que ser, que, envolvidas as duas pessoas em questão, não poderia mesmo ter sido de outra forma.
Se há pessoa em relação à qual sinto isto, essa pessoa é o g. Namorámos durante quatro anos e foi uma relação muito intensa. Em parte porque foi um namoro sério que resultou de uma paixão assolapada. Consumíamo-nos em quantidades absurdas. Em parte porque era extraordinariamente ciumento e tínhamos discussões horríveis, durante as quais nos agredíamos estupidamente. Para nos voltarmos a amar outra vez incondicionalmente. Uma relação que fez sentido naquela fase das nossas vidas - tínhamos 17, 18 anos quando a coisa se tornou séria.
A ruptura foi dolorosa e o caminho até voltarmos a ser amigos não foi fácil de percorrer. Mas chegámos lá. Aproximámo-nos ainda mais de há uns meses para cá - o msn tem esta coisa maravilhosa de aproximar as pessoas - e agora conversamos com frequência.
É comum, durante as nossas conversas, ter a sensação de que, apesar dos anos decorridos, somos, na essência, as mesmas pessoas. Que ainda me conhece bem. Tal como eu a ele. Que podemos prever a reacção do outro ao que dizemos. Que há carinho. Que há passado e que, visto a esta distância, tudo foi perfeito. E é esta sensação que é apaziguadora. Entender ainda o que me fez apaixonar e sentir que tudo fez sentido. Que podemos ser genuinamente amigos, porque as feridas estão curadas.
Fez anos há uns dias. Combinámos um almoço para a semana. Falámos ao telefone durante imenso tempo e não fizemos outra coisa que não fosse dizer idiotices. Estupidez. Parvoíces. Porque podemos. Rir um do outro. Rir em conjunto. Falar. Do passado, do nosso presente, do futuro. Das voltas que as vidas de ambos entretanto deram. De como é ser um homem casado. De como é ser uma mulher casada. De como teve coragem de ter com outra o filho que até planeámos ter juntos. De como eu tive coragem de o deixar antes de termos avançado com esse plano. De como funcionávamos incrivelmente bem. De como funcionávamos incrivelmente mal.
Sensação boa. A de ver boas pessoas passarem a fazer parte das nossas vidas. E a de sentir que outras ainda cá estão.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
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