quinta-feira, 15 de maio de 2008

Duas coisas

A primeira é uma referência à crónica do José Luís Peixoto na 'Visão' de hoje. 'Sim significa não', é o título. Brutal. No bom sentido. Remete para aquela sensação de que, quando tudo está perfeito, não tardará muito para que algo aconteça e belisque a perfeição.
Uma amiga minha fotografou-o há uns tempos e voltou embeiçada. Ele tem de facto um je ne sais quoi. Escreve muito bem. E tem pinta.
A segunda diz respeito às declarações que ouvi ontem da ministra da Saúde, relativas ao encaminhamento para o sector privado dos casais inférteis que não conseguem obter, em tempo útil, respostas por parte dos hospitais públicos.
Antes de iniciar a minha via sacra, tentei marcar consulta nos hospitais públicos que, em Lisboa, disponibilizam consultas de infertilidade/esterilidade. Esbarrei em listas de espera que ascendem aos 12 meses e avancei para o privado. É caro, sem dúvida, mas no espaço de cinco meses já fiz inúmeros exames, tirámos uma série de situações a limpo, fiz tratamentos. Progrediu-se, no mínimo.
A reportagem de ontem também dava conta de que existem 500 mil casais 'que lutam em Portugal contra a infertilidade'. Lá em casa sentimo-nos, acho que posso dizer assim, menos sós. É estranhamente reconfortante saber que somos tantos. Até porque ninguém, das nossas relações, tem ou teve este problema. Porque só falamos sobre isto com um número muito restrito de pessoas. E um com o outro, claro. Mas que não haja dúvidas quanto a isto: por mais que nos apoiemos, mutuamente, e por mais que esta situação tenha contribuído para reforçar os laços que nos unem, a forma como homem e mulher encaram o problema é muito, mas muito, diferente.

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