quarta-feira, 7 de março de 2007

Mulheraças!

1 - Já disse que adoro a música nova dos Blasted Mechanism, "All the way"?... ainda não tinha dito, mas digo agora. É muito boa. Um dos elementos dos Blasted andou na minha turma, no liceu. Claro que ele já não se deve lembrar de mim, porque eu não sou famosa... :) mas eu lembro-me. E era 5*.
2 - Amanhã, 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Como gosto de jogadas de antecipação, deixo já aqui o meu manifesto de admiração pelas 'minhas' mulheres...

Mulheraças!

Começo com um statement. E não quero que soe a pretensão. Simplesmente, faço questão de, para início de conversa, deixar claro que não pretendo fazer deste artigo uma glorificação a uma entidade a que, com graça, um amigo meu apelida de “Nossa Senhora dos Lugares Comuns”.
Faço-o porque escreverei sobre mulheres e porque não é minha intenção repetir, à exaustão, todos esses lugares comuns que por estes dias, certamente, correrão de boca em boca.
Para evitá-lo, socorro-me de uma amostra de mulheres. As que conheço, as que me estão mais próximas, as que posso denominar de “minhas” mulheres.
Falo… da minha Avó, naturalmente, da minha Mãe, das minhas queridas amigas, das minhas colegas. Julgo que será mais que suficiente. Mas vejamos.
Casadas ou nem tanto, com ou sem filhos, todas elas – excluo a minha Avó, que se ocupa sobretudo da jardinagem – estão empregadas. Digo, trabalham. Fora de casa, bem entendido. Enfim, são pagas para desempenhar uma determinada função, fazem-no, cumprem horários e regras, respondem perante um superior.
Observo-as, espreitando para dentro dos tubos de ensaio onde acabei de as colocar.
Em todas elas reconheço ambição. Vontade de “vencer na vida” (os lugares comuns perseguem-me…). Desejo de realização profissional. Não as percebo conformadas, antes lutadoras. Não imagino que alguma delas esteja disposta a abdicar daquilo a que chamam “carreira”.
Mais ou menos adaptadas às funções de desempenham, esforçam-se, procuram dar de si o melhor, congratulam-se com os elogios e os sucessos alcançados. São profissionais, de mão cheia!
As suas existências não se esgotam, contudo, e felizmente, no empenho que colocam no cumprimento das suas obrigações laborais.
Findo o dia de trabalho, acalentam uma outra vida. A doméstica, se é que me faço entender. E é neste campo que a minha amostra se revela verdadeiramente polivalente.
Da imensa lista que tarefas que abraçam diariamente com renovada… alegria… posso destacar o carinho que dedicam aos Homens da sua vida. Falo dos Homens, pela primeira vez, mas não pela última, garanto.
Falava eu do carinho. Que não se esgota nos Homens. Distribui-se pelas mães, pelos pais, pelos filhos, pelas irmãs, pelos irmãos, pelos sobrinhos, pelas sobrinhas, pelas cunhadas e cunhados, pelos sogros e sogras, enfim… distribui-se, em doses ENORMES.
Mas há mais. E é aqui que as coisas começam a complicar-se.
O abastecer do frigorífico e da despensa, as refeições, religiosamente, a tempo e horas, a roupa, lavada, engomada, pendurada, a casa, arejada, aspirada, bem decorada, o pó, que não está lá, onde devia, em cima dos móveis, os cães e os gatos, alimentados, vacinados e escovados, as crianças, trabalhos de casa feitos, banho tomado, pijama vestido, jantar na mesa, não, jantar ao lume, mexe, tapa e destapa as panelas, num virote, e o telefone que toca, é preciso atender, e agora um que espirra, outro que tosse, é uma virose, as reuniões, na escola, e as notas, que sobem e descem, e aquele livro para ler, aquele filme para ver, aquele disco que queria comprar… e ter tempo para ouvir.
Detenho-me a mirá-las, novamente… e não é que as admiro! Mesmo!
Cabelo alinhado, maquilhagem, manicura, a roupa e os sapatos da moda, impecáveis, não caminham, flutuam, sobre o sentido do dever cumprido. E no rosto, o sorriso, o sorriso franco e aberto de quem, afinal, não carrega assim grande peso nas costas. Ou será que carrega?
Estará viciada, esta minha amostra? Não creio. Esforço-me por ser bastante imparcial na análise e concluo que não são mulheres. São MULHERAÇAS estas de quem falo.
E são “minhas”, já o disse. Inspiram-me, diariamente, com o seu exemplo. De força, de coragem, de amor, de amizade, de abnegação, de fé, de delicadeza na resolução dos problemas e dos conflitos, de determinação, de garra, de obstinação.
Retorno aos Homens, conforme prometido. Para lhes render uma homenagem, desta vez. Estes homens, em particular, que partilham a vida com as mulheres de quem falo, escolheram-nas. E tiveram olho! Conhecem-nas, bem, e ao seu lado lunar. E amam-nas!
Lugares comuns à parte, que o Dia da Mulher seja vivido da melhor forma possível. Lá para as minhas bandas instituímos, há uns anos, um encontro de amigas para celebrar o 8 de Março.
Se servir de pretexto para nos reunirmos, à volta de uma mesa, a ingerir calorias, despreocupadas, e a discutir trivialidades, comemoremo-lo duas vezes por ano! Se a reboque nos der para nos mimarmos com uma incursão desvairada pelo shopping, uma visita ao cabeleireiro ou uma sessão de massagens, então que seja uma vez por mês! E se para nos fazer ainda mais felizes tivermos à nossa espera um ramo de flores, bilhetes para o teatro e um jantar romântico, então que seja todas as semanas!... exigente, eu? Afinal, também sou mulher…

nota: este texto foi escrito há precisamente um ano e publicado, nessa altura, num jornal local. Estive a relê-lo e por manter tudo o que disse, achei que valia a pena 'imortalizá-lo' nas minhas águas-furtadas.

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