terça-feira, 8 de maio de 2007

Sofre bela para seres formosa

Ouvir dizer, ou li, não sei a quem, não me recordo onde, que um dos primeiros sinais de que estamos a ficar, como dizer, ‘crescidas’, é o aumento do número de embalagens de produtos de beleza em cima da bancada da casa de banho.
No meu caso, isto é bem verdade.
Há dez ou quinze anos usava, quanto muito, dois cremes no Verão – o protector solar e o hidratante, depois do banho, no regresso da praia, e só para que não me caísse tão depressa a pele.
De há cinco anos para cá multiplicam-se, em cestinhos, caixinhas e gavetinhas, as embalagens de cremes para os mais diversos fins, na justa medida em que ‘cresce’ a factura de gastos em para-farmácias, perfumarias, cabeleireiros e afins.
Dou por mim a ter necessidades que há poucos anos não julgava possíveis. Tipo “ter de ir arranjar as mãos”. “Ter de ir”?!? Se há dez anos me dissessem que eu diria, um dia, esta frase, “tenho de ir arranjar as mãos”, rebolava-me no chão a rir!
But things change…
E neste aspecto a vida de um homem é tão mais fácil…
O meu marido, por exemplo. Faz-lhe imensa confusão que eu passe, todas as manhãs, uma hora na casa de banho. Acho que deve interrogar-se sobre que raio faço eu durante 60 minutos enfiada dentro de uma divisão minúscula, cheia de vapor, onde está um calor insuportável e porque me irrito tanto quando se atreve a interromper-me.
É um amor, mas passam-lhe completamente ao lado as dezenas de rituais que ‘gaja que é gaja’ tem de cumprir, diariamente, antes de sequer pôr o nariz fora da janela para saber como está o tempo. :)
O banho é o básico e é só o começo. Depois há o creme para a celulite, o creme para a cara, o creme para o corpo, a base, o pó, o blush, o lápis, a máscara, a espuma, a escova, o secador e o perfume, para já não falar dos acessórios, onde se incluem os brincos, as pulseiras e os anéis.
E isto só para citar o que fazemos em casa, por nós próprias.
Porque depois ainda há aquelas ‘tarefas’ para as quais não prescindimos da ajuda de profissionais especializadas, como a depilação, a manicura, a pedicura, o cabeleireiro…
E o dinheiro que tudo isto consome… Uma renda, é o que é…
Ainda outro dia vi uma reportagem na televisão sobre o facto de as mulheres portuguesas recorrerem cada vez mais a esteticistas e a tratamentos de beleza.
O cabeleireiro que frequento está sempre cheio. É incrível. E ainda mais incríveis são as coisas que por lá vejo.
Ainda no domingo lá estive, lá está, fui ‘arranjar as mãos’… tinha mesmo de ser… para variar, estive imenso tempo à espera e quando isso acontece entretenho-me a observar o que se passa à minha volta.
Fico sempre surpreendida com a quantidade de torturas a que nos submetemos para ficar bonitas. E com as figuras que fazemos, até conseguirmos (quando conseguimos, claro…).
Uma mulher com pratas na cabeça [fazer madeixas implica] não é uma visão bonita. Uma mulher coberta de uma espessa pasta cor-de-rosa [cera quente] não é uma visão bonita. A dor que o arrancar dos pelos provoca não é, isso posso garantir, uma coisa bonita.
Mas a gente submete-se. E, falo por mim, com gosto.
A minha mais recente aquisição foi um produto para atacar a celulite [já experimentei vários, posso dar consultoria…], muito publicitado (sim, sou altamente influenciável pela publicidade, já tinha confessado isto), cuja embalagem tem, numa das extremidades, um mecanismo que “amassa” a pele. Sim, eles dizem que “amassa” e prepara a pele para a penetração do produto.
Mas a verdade é que ESMAGA, ARREPANHA, TORTURA. É, pura e simplesmente, SOBERBO. Sim, é maravilhoso. Aquilo dói que se farta mas eu posso jurar que oiço a celulite a ganir e a fugir assustada pela porta fora…

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