quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Sweet sixteen

Tenho-me lembrado dele esta semana e voltei a lembrar-me hoje quando datava um recorte de jornal. A vida anda às voltas. Tem lógica de círculo. Lembrar-me dele traz-me um sorriso à cara do tamanho sei lá de quê. Provavelmente, do tamanho da paixão que senti por ele. Coisa de miúda, claro, mas que hoje também me parece coisa de gente grande.
É uma história que não recordo muitas vezes. Tenho de fazer um esforço para que me venham à memória mais do que imagens difusas. Imagens de uma festa de final de período que organizámos, enquanto associação de estudantes, no liceu. Último mês do ano de 1992. Eu e a r. ficámos encarregues do bengaleiro. Não estávamos à espera de ter tanta gente na festa, que foi um sucesso, e gerou-se uma confusão imensa no final, eu a e r. loucas, no meio de centenas de casacos, camisolas, cachecóis e chapéus de chuva que, só por sorte, terão ido parar às mãos dos seus legítimos proprietários...
Fomos apresentados durante a festa e a nossa primeira conversa aconteceu precisamente no final desta festa. Acho que foi nesse momento que caí de quatro por ele.
Não nos largámos, nos dias seguintes, inventávamos pretextos para estar juntos. Durante algumas semanas, alguns meses talvez, deixei de ponderar sequer participar em alguma saída sem me assegurar primeiro de que ele estaria presente. Passei a frequentar os mesmos bares, as mesmas discotecas, graças a amizades comuns passámos a estar juntos em festas de aniversário e outros jantares, sem que ele nunca assumisse totalmente um relacionamento que para mim era seríssimo mas para ele, já se vê, nem por isso.
Acredito que tenha gostado de mim, que gostava da minha companhia, mas nem de longe nem de perto levava aquilo tão a sério como eu.
Apercebi-me, depois, que talvez nunca me tenha conhecido bem. Porque a partir de um dado momento passei a ficar catatónica na sua presença. Idolatrava-o de tal forma que ficava sem reacção quando ele estava por perto.
Fazia tudo para estar com ele e imaginava o que lhe diria, mas depois não conseguia fazê-lo. Um nó na garganta impedia-me, pura e simplesmente, de falar. Tão tontinha. Talvez se tenha fartado. Não sei, nunca chegou a ser um namoro, acabou sem ter começado, também sobre isso nunca tive uma conversa com ele.
Foi o primeiro. O primeiro grande amor da minha vida. Meses depois daquela fabulosa festa de liceu, precisamente na altura em que nos estávamos a preparar para as férias de Verão, um amigo veio explicar-me, provavelmente a seu pedido, que os planos dele para o Verão não me incluíam.
Foi como se o Mundo desabasse sobre a minha cabeça. Eu tinha 16 anos, é preciso ver isso. Passei uma noite inteirinha em claro e acho que chorei todas as lágrimas dos meus 16 anos. No dia seguinte procurei o ombro da r. e lembro-me parfeitamente de estar sentada na cama dela a chorar e das palavras da t., sábia, do alto dos seus 19, 20 anos (!), dizendo-me que ia voltar a apaixonar-me, vezes e vezes sem conta, e que ia acabar por me esquecer.
Também me lembro de, lavada em lágrimas, lhe ter dito que não, que não queria, ninguém, nunca mais. Ai, meu Deus, isto é possível?...
Felizmente, tal como ela vaticinava, voltei a apaixonar-me, vezes e vezes sem conta.
Mas nunca, isso nunca, me esqueci dele.
Às vezes penso se o nó na garganta já se desfez. Se voltasse a ter oportunidade, será que conseguiria dizer-lhe tudo o que não lhe disse na altura? Tinha vontade, de lhe despejar tudo em cima, só para me sentir mais leve. Assim como fiz agora.

Sem comentários:

    follow me on Twitter